O disco “Elektra”, do RPM, já está nas lojas. Mesmo em uma época em que parece não fazer mais muito sentido comprar um CD, vale a pena desembolsar R$ 29,90 (preço nas Lojas Americanas) para levar este tão esperado álbum de inéditas de Paulo Ricardo, Fernando Deluqui, Luiz Schiavon e Paulo PA. No estilo “digipack” – aquela caixinha simpática, que lembra a embalagem de um LP –, a forma do retorno do RPM está à altura do que representou a banda nos anos 1980, com direito a um bonito encarte, a uma bela ilustração e a um CD duplo – sendo um de remixes.
Se a forma é atraente, o conteúdo foi o suficiente para colocar “Elektra” como o disco do ano. Talvez até o mais otimista dos fãs do RPM não esperasse tanto deste álbum. Faixas como as três primeiras – “Dois olhos verdes”, “Problema seu” e “Muito tudo” – são realmente surpreendentes.
É um disco de rock, em uma mistura bem sucedida com a música eletrônica, sem soar datado ou como um “Revoluções Por Minuto versão 2011”. As letras são boas, com temáticas variadas – como o nascimento de um filho, o excesso de informação de um mundo cada vez mais globalizado via internet, as incertezas da vida, amor, mulheres e as noites de balada.
O único porém talvez tenha sido o ano de lançamento. Depois de inúmeras idas e vindas, este mais novo retorno do RPM pode ter ficado um tanto quanto desacreditado. Vai ser difícil convencer o grande público que a última volta da banda foi pra valer. Prova disso é que pouca gente sabe da existência do “Elektra” – praticamente uma versão brasileira do “Chinese Democracy” (disco do Guns N’ Roses que demorou quase duas décadas para ser lançado).
E não é só isso. A sensação de má administração da própria carreira e de desperdício de talento aumenta a cada verso bem cantado pelo Paulo Ricardo. Quem ouve um disco do RPM, de inéditas, lançado em 2011, bom da primeira à última faixa, fica com a impressão que “Elektra” chegou às lojas com 23 anos de atraso. Será que ainda está em tempo?
Se, apesar da qualidade, é pouco provável que o disco repercuta muito, o que teria acontecido se este mesmo “Elektra” tivesse sido lançado em 2003, um ano depois do “MTV RPM 2002”, quando todos esperavam um disco de inéditas? Ou ainda: “Elektra” chegando às lojas no fim dos anos 1980, ao invés de “Quatro Coiotes”? Bom, a resposta, jamais saberemos, mas eu arrisco a dizer: o RPM não teria se resumido àquele mega-estouro de “Revoluções Por Minuto” e “Rádio Pirata Ao Vivo”, e teria tido uma carreira mais longa e consolidada. Ou quase isso. Ou não. Sei lá. Vá saber.
Ótima crítica!
Só o tempo dirá qual será a repercussão desse disco…
Bela e sensata crítica!
Acredito que haveria uma melhor repercussão se o CD tivesse sido lançado após o carnaval.
Talvez a promessa para os fãs em lançar um disco de inéditas o quanto antes, tenha feito eles lançarem o disco agora. Mas o que é bom vai repercutir, mesmo que para um grupo seleto de apreciadores da boa música. A obra tá aí, vamos curtir e deixar rolar.
Sou FÃ de carterinha do RPM e espero que eles tenham vindo pra ficar e não tenha lançado mais um disco “caça niquel”.. o Paulo Ricardo sempre fez otimas compisiçoes em seus discos (solo e com o RPM) e tambem fez coisas horriveis rs rs rs .. mas não se pode acertar sempre!…enfim como diria um certo sertanejo “cada volta um recomeço”…longa vida ao RPM.