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Enquanto que o repertório do Ultraje a Rigor é concentrado de sucessos dos anos 1980, o do Biquini vem sendo tomado por músicas de outras bandas. E foi o que aconteceu no show da Fundição Progresso, na Lapa, Rio de Janeiro, na noite de 17 de setembro. As mais empolgantes do show foram as regravações. Não teve jeito.
Desde 2001, no disco “80”, a banda carioca descobriu sua vocação de intérprete. Nenhum problema nisso. Até porque a grande maioria das versões é ótima. Os próprios integrantes do Biquini, em depoimentos nos extras dos dois DVDs – “Ao Vivo” (2004) e “80 vol.2 – Ao Vivo no Circo Voador” (2008) –, admitem esta nova vocação da banda. E até bom que sigam este caminho. Mas músicas próprias novas de vez em quando não fariam mal, certo?
Eles bem que tentam. Em 2007, lançaram o só de inéditas “Só Quem Sonha Acordado Vê o Sol Nascer”, que acabou decepcionando os fãs, depois do sucesso de “80”, em 2001. Do disco em si, sobrou pouca coisa, talvez só a música “Em algum lugar do tempo” e o aprendizado para a banda de que é preciso estreitar a distância entre o estilo das canções novas e o das regravadas pelo Biquini na última década.
O próximo disco, o “Roda Gigante”, demonstra que será mais rock, menos balada. Mais “80” e “80 vol.2” e menos “Só Quem Sonha Acordado Vê o Sol Nascer”. A faixa de trabalho “Acordar pra sempre com você” aponta para esta direção. Com participação do vocalista do Fresno, Lucas Silveira, a música é boa. No show da Fundição Progresso, com Lucas participando via telão, no entanto, o público não gostou. Poucos aplaudiram e muitos vaiaram. Houve até um sonoro “que merda, hein!”. Mais por aversão ao estilo emo do cara do Fresno do que por qualquer outra coisa. Como já foi dito: a música é boa.
Assim como a música, o show foi bom – descontados os problemas técnicos e de equalização de voz e instrumentos – e a banda segue firme como nunca, já que a última década foi a primeira, em quase 30 anos de história, que o Biquini esteve na ponta de lança do BRock. Que venha um disco redondo de inéditas, para coroar o bom momento do grupo carioca, e, por que não, venham também novas regravações. Quem sabe uma releitura do rock nacional dos anos 1990?
Por fim, é mais do mesmo, mas não há como não dizer: o Biquini Cavadão caberia perfeitamente no Rock in Rio.