Não foram poucas as bandas do rock brasileiro que não receberam a atenção merecida de público e crítica ou que caíram no esquecimento precocemente. E esta não foi uma característica exclusiva dos anos 80. Bons grupos das décadas seguintes ao BRock mereceriam destaque no cenário nacional, mas não o tiveram, e é difícil saber o porquê. Azar de terem surgido na época errada, falta de divulgação e mau gerenciamento de carreira talvez sejam os motivos. Ou não. Vai ver o lugar destas bandas não era mesmo o mainstream. E não há problema algum nisso, e viva o lado B (ou C, D, Z, sei lá)!!!
Em 1999, no Rio de Janeiro, a Rádio Cidade estava no seu auge (ou algo próximo a isso). Naquela época, a rádio tocava vários estilos musicais, mas das 18h às 19h, era só rock no programa Cidade do Rock – depois, pouco antes do Rock in Rio 3, em 2001, o estilo veio a ser o único daquela que seria a “rádio rock”. Uma das músicas mais tocadas no programa (e talvez na rádio) naquele ano era “Odeio”. Um punkzinho que chamava a atenção de quem ouvia, porque quem cantava odiava tudo: a boy-band Hanson, samba, TV, discoteca, o vento, a sorte, estar só, eu, você…
A música era da banda Junk, um então power trio formado pelo filho do cantor português Roberto Leal, Rodrigo Leal, na guitarra e voz, pelo atual baterista dos Titãs, Mário Fabre, e pelo baixista Fábio Zaganin. Além de “Odeio”, chegou a tocar nas rádios “Vamo é comemorá”. O disco homônimo, lançado em 2000, era bom do início ao fim. Pesado e com um vocalista que conseguia sem dificuldades dar conta do recado e não ter a voz abafada pela guitarra. Destaque para “Sem você eu não vou” (com um riff de guitarra com efeito wah-wah e um refrão poderosos), “Ser presidente”, “Sem saber” e “Se prepare pra dor”. Em alguns momentos, Junk soa como uma banda americana traduzida para o português, mas nada que prejudique o interesse em ouvir o álbum todo.
Com a música “Odeio” mais do que estourada nas rádios, a banda (ou a gravadora) optou por escolher outra música para rodar na MTV: a balada “Adeus”. A estratégia foi uma furada, porque a música (um pouco chata, é verdade) não trazia a novidade de “Odeio”, e a banda ficou sem conseguir conquistar o público da MTV que não ouve rádio – e, em pleno 1999, para uma banda de rock nacional era fundamentar ter o público da então emissora musical.
Em 2002, a banda chegou a lançar um segundo disco, “Reciclado”. Só com Rodrigo Leal da formação original (Pablo Lucente, Rogério Marques e Allesandro Parzanese completavam a trupe), o disco, bem mais leve, teve menos repercussão ainda que o primeiro. “Reciclado” traz as regravações de “Minha menina”, do Jorge Ben, e “Primeiros erros”, do Kiko Zambiachi. Apesar de não ter a qualidade do primeiro, o segundo disco do Junk traz boas músicas, como “F…da-se (má língua)” e “Eu, você e mais ninguém”. Mas ninguém nem ouviu falar.
Enfim, moral da história: a MTV quase não passa clipes, a Rádio Cidade saiu do ar para dar lugar à Oi FM, e a Junk não foi pra frente. Uma pena.
Grande Banda o Junk.Rodrigo canta muito.Para mim esta no top dos vocalistas.
Uma pena mesmo, uma excelente banda…hj só querem o tal de sertanejo universitário